quarta-feira, 31 de março de 2021

7 pedidos do Pai Nosso

 Lembra-se do Pai Nosso? A oração que o Senhor nos ensinou encerra sete pedidos. Leia: “Pai nosso que estais no céu / Santificado seja o Vosso nome / Venha a nós o Vosso reino / Seja feita a Vossa vontade / Assim na terra como no céu. / O pão nosso de cada dia nos dai hoje / Perdoai-nos as nossas ofensas / Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido / E não nos deixeis cair em tentação / Mas livrai-nos do mal. Amém”.


Oba! A prece diz o que pedir a Deus. Três súplicas se relacionam diretamente ao Todo-Poderoso. Uma: que Seu nome seja glorificado. Outra: que o Seu reino venha a nós. A última: que Sua vontade seja feita. Quatro se referem a nossos interesses pessoais. Pedimos: nosso pão de cada dia, o perdão dos nossos pecados, a vitória sobre as tentações, a distância de todo mal.


A língua ajuda o Pai Nosso. A prece ensina o que pedir. A língua, como pedir. O imperativo se presta à função. Saber empregá-lo como manda a norma culta traz dupla vantagem. Uma: acertar o alvo. A outra: receber a bênção de Deus e dos homens. São sete os passos.   Mande, peça ou suplique


Imperativo deriva de império. A família diz tudo. Trata-se de clã com poderes absolutos. Imperador, imperial e imperioso são alguns dos membros que mandam e desmandam. Às vezes, as criaturas têm de baixar a crista. Em vez de ordenar, pedem. Ou suplicam, aconselham, convidam, alertam ou recomendam. Em qualquer dos casos, o imperativo impera. Estamos falando do imperador do Japão, não do Adriano.   Sim e não


O imperativo joga em dois times. Num, libera a ação ou o modo de ser. É o afirmativo. Noutro, recusa. É o negativo. Pra não deixar dúvida, antecede as formas verbais de não.   Trate diferentemente os desiguais


O imperativo afirmativo exige atenção plena. Rigoroso, divide as pessoas do discurso em dois grupos. As segundas pessoas (tu e vós), preferidas dos gaúchos, ficam de um lado. As outras (ele, você, nós, eles), de outro. Nada de misturas.


“Tratar diferentemente os desiguais”, reza o mandamento do mandão. Como? Recorrendo ao presente do indicativo e do subjuntivo. O tu e o vós derivam do presente do indicativo. Mas esnobam o s final. Assim:


Presente do indicativo: estudo, estudas, estuda, estudamos, estudais, estudam. Imperativo afirmativo: estuda tu, estudai vós.


Simples, as demais pessoas não dão trabalho. Saem todas do presente do subjuntivo: que você estude, nós estudemos, eles estudem.


Eureca! Eis o imperativo afirmativo completo: estuda tu, estude você, estudemos nós, estudai vós, estudem vocês.   Negue


O imperativo negativo é curto e grosso. Sai todinho do presente do subjuntivo — sem tirar nem pôr. Pra não deixar dúvida, antecede-se do advérbio não. Veja: não estudes tu, não estude você, não estudemos nós, não estudeis vós, não estudem vocês.   Não misture


“Vem pra Caixa você também”, diz o anúncio da Caixa Econômica Federal. Reparou? Ele misturou alhos com bugalhos. O alho: o verbo se dirige à segunda pessoa (vem tu). O bugalho: o pronome você conjuga o verbo na 3ª pessoa (você). Que tal desfazer a mistura? Há duas saídas. Uma: optar pelo tu (vem pra Caixa tu também). A outra: assumir o você (venha pra Caixa você também).   Outra cara


“Se liga na revisão”, ordena o Novo Telecurso. Ops! Olha a salada de pessoas. O se é pronome de terceira pessoa. O liga, imperativo da segunda pessoa. Que indigestão! Vamos tratar bem a língua e o organismo. Escolhamos uma ou outra. Sem misturas: Te liga na revisão (tu). Se ligue na revisão (você).   Mais uma


“Diga-me com quem andas e te direi quem és”, alardeia o povo sabido. O problema? A mistura de pessoas. Melhor descer do muro. Assumamos uma pessoa ou outra: Diga-me com quem anda e lhe direi quem é você. Dize-me com quem andas e te direi quem és.   Moral da história


Você tem poder? Mande. Não tem? Peça. Ou suplique, convide, aconselhe, alerte ou recomende. Mas faça-o bem. A receita: cuide do imperativo, a não ser que você queira inventar uma nova regra para a gramática.

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