sexta-feira, 24 de julho de 2020

Círculo Folha - Dicas do Programa de Qualidade

Dicas do Programa de Qualidade
JANEIRO 2000

31/01/2000

Grafia de videogame
"Os meninos jogam futebol e gostam de video game.''

"Os meninos jogam futebol e gostam de videogame.''

Na Folha, videogame se escreve junto, sem hífen e sem aspas (veja o verbete "video-", na página 117 do manual). Não siga a grafia que consta do "Aurélio" ("video game"). Como substantivo (abreviação de videocassete), vídeo é acentuado. Entretanto, como elemento de composição (falso prefixo), perde o acento.

27/01/2000
Não + hífen

"A fórmula refere-se ao não pagamento (!) de tributos federais.''

"A fórmula refere-se ao não-pagamento de tributos federais.''

Em expressões como "não-pagamento", "não-agressão", "não-ficção" e outras formadas por não + substantivo, o hífen é obrigatório. Em expressões como 'não descartável', 'não durável', 'não flexionado', 'não resolvido' e outras formadas por não + adjetivo, o hífen não deve ser usado.

26/01/2000
Em comemoração de

"O padre celebra missa em comemoração ao (!) aniversário de São Paulo.''

"O padre celebra missa em comemoração do aniversário de São Paulo.''

Algo é feito em comemoração de alguma coisa, nunca em comemoração a (!) alguma coisa. Não confundir com homenagem, que pede a preposição a. "O evento é uma homenagem a Fulano."

25/01/2000
Verbo haver na forma composta

"Embora possam (!) haver muitos altos e baixos no período...''

"Embora possa haver muitos altos e baixos no período...''

Na forma composta, quando o verbo haver é o principal, o verbo auxiliar também deve ficar no singular, independentemente da frase restante estar no singular ou no plural: "deve haver novas cassações", "poderá haver pancadas de chuva". O que parece ser sujeito, na verdade é objeto direto.

24/01/2000
Para a frente

"É preciso ir para (?) frente.''

"É preciso ir para a frente.'' A expressão é para a frente.

O a é obrigatório, uma vez que frente é substantivo. Não se escreve, por exemplo, "virou para (?) lado", mas sim "virou para o lado''.

21/01/2000
"O texto de Fulano não tinha hífens (!).''

"O texto de Fulano não tinha hifens.''

Hífen, no singular, leva acento, assim como todas as paroxítonas com a terminação en (pólen e hímen, por exemplo). Mas estas palavras, no plural, ganham a terminação ens e, de acordo com as regras, não são acentuadas: polens, himens e hifens. Existem as grafias hífenes, pólenes e líquenes, restritas à linguagem científica, por isso, são proparoxítonas.

20/01/2000
Grafia de Petrobras

"A recomendação da ANP à Petrobrás (!) foi uma espécie de ultimato..."

"A recomendação da ANP à Petrobras foi uma espécie de ultimato..."

O nome oficial da Petrobras é escrito sem acento, conforme a logomarca da empresa, reproduzida abaixo. Petrobrás é grafia antiga.

14/01/2000
O "se'' inútil

"Para se (!) chegar a um consenso.''

"Para se (!) fazer isso, é preciso estar atento.''

"Livros bons de se (!) ler.''

"Questões por se (!) resolver.''

As frases acima têm em comum a partícula "se" empregada de modo redundante. Nesses casos, o "se'' pode ser eliminado em benefício da concisão e do estilo. Isso ocorre porque a estrutura de preposição (por, para, de) e o verbo no infinitivo já denotam frase de estrutura passiva, fazendo com que o "se" sobre. O se só acompanha o infinitivo nos verbos pronominais: Para se aposentar, é necessário muito esforço.

12/01/2000
Sugestão

Em vez de

"O escritor Fulano de Tal estará conversando...'',

pode-se optar por fórmula mais simples e eficiente:

"O escritor Fulano de Tal conversará...''

A combinação de futuro do presente com gerúndio soa desnecessária, embora seja frequente no telemarketing.

10/01/2000
Cheque sem fundos

"A empresa recebeu um cheque sem fundo (!).''

"A empresa recebeu um cheque sem fundos.''

A expressão correta é cheque sem fundos, ou seja, sem provisão de dinheiro.

06/01/2000
Adequar, verbo defectivo

"O autor está preocupado em saber se o personagem se adequa (!) ao modelo americano..."

"O autor está preocupado em saber se o personagem se adapta ao modelo americano..."

Adequar é um verbo defectivo, ou seja, não tem todos os tempos, modos ou pessoas (outros exemplos: abolir, precaver, reaver, falir, colorir, demolir, explodir, extorquir, ressarcir, viger, computar). No presente do indicativo, o verbo "adequar" só conta com duas formas: "adequamos" e "adequais". No presente do subjuntivo, idem: "adequemos" e "adequeis". No imperativo afirmativo, idem: "adequemos" e "adequai". No imperativo negativo, idem: "não adequemos" e "não adequeis". Nos demais tempos e modos, tem conjugação regular: adequou (pretérito perfeito do indicativo), adequava (pretérito imperfeito do indicativo), adequara (pretérito mais-que-perfeito do indicativo), adequará (futuro do presente do indicativo), adequaria (futuro do pretérito do indicativo), adequasse (imperfeito do subjuntivo), adequar (futuro do subjuntivo / infinitivo pessoal), adequando (gerúndio), adequado (particípio) etc.


05/01/2000
Preferir

"Em vez de instalar indústrias no país, as empresas preferem exportar.''

"A instalar indústrias no país, as empresas preferem exportar.''

O verbo preferir pede a preposição a, pois prefere-se uma coisa a outra. Note que a frase com a regência certa é também mais elegante. O uso dos advérbios mais, muito mais e mil vezes se justifica por associação com o verbo gostar usado em comparações, o mesmo vale para a locução conjuntiva do que.

04/01/2000
Papel-moeda, com hífen

"O governo teria de emitir títulos ou papel moeda (!)...''

"O governo teria de emitir títulos ou papel-moeda...''

Papel-moeda leva hífen. Há duas formas possíveis de plural: papéis-moeda e papéis-moedas.

03/01/2000
Artigo que antecede numeral (milhão, milhar, bilhão e trilhão)

"As (!) milhões de mulheres infectadas...''

"Os milhões de mulheres infectadas...''

Quando há artigo antecedendo o numeral, a concordância é obrigatoriamente feita com o numeral. Note que, se o numeral estivesse no singular, não se cogitaria escrever "As milhão de mulheres infectadas...''. Não confundir com a construção ''As mil mulheres infectadas'', em que 'mil' é numeral.

25/02/2000
O todo e a fração

O exemplo abaixo foi construído para esclarecer dúvidas envolvendo comparações de valores.

A loja A vende o produto "X'' por R$ 20. A loja B vende o mesmo produto por R$ 100. Pode-se dizer então:

que A: vende o produto por 1/5 do preço de B, vende o produto por 20% do preço de B, mas jamais "vende por cinco vezes menos''. Note que essa última forma, embora coloquial, é absurda, pois uma vez menos algum valor é zero.

que B: vende o produto por cinco vezes o preço de A, vende o produto pelo quíntuplo do preço de A, vende o produto por quatro vezes mais o preço de A . Note que a palavra mais traz uma complicação, pois 20 (uma vez) + 4 x 20 (quatro vezes mais) = 100 (preço). Procure evitar, portanto, essa última forma.

24/02/2000
"O" leitor

O texto é lido individualmente. Na Folha, refira-se ao leitor sempre no singular, como determina o manual (pág. 115). Exemplos:

1) remissão: "Leia íntegra na pág. 1-12...''

2) texto de serviço: "Caso você queira enviar mensagens aos congressistas...''

3) texto opinativo: "Você, contribuinte, deve defender seus direitos...''

23/02/2000
Negação atrai o pronome

"Jamais diga-me (!) isso.''

"Jamais me diga isso.''

Palavras que exprimem negação como não, ninguém, nunca, nem, jamais, nenhum, nada etc. atraem o pronome oblíquo átono. Portanto escreva "Não lhe diga isso'', em vez de "Não diga-lhe (!) isso.'' Essa atração também se estende a outras palavras, como advérbios, pronomes relativos, pronomes indefinidos, pronomes demonstrativos, conjunções subordinativas, frases interrogativas, exclamativas e optativas, gerúndio precedido da preposição em etc.

22/02/2000
Artigo antes de número

"As (!) 10 milhões de mulheres doentes...''

"Os 10 milhões de mulheres doentes...''

O artigo deve concordar com milhões, e não com mulheres. Note que não se cogitaria escrever: "A (!) 1 milhão de mulheres doentes...''. Em regra, a concordância é feita com o substantivo mais próximo, que no caso é milhões. Também estaria correto dizer 'As 10 mil mulheres doentes'.

18/02/2000
Divergir de

"Minas diverge com (!) SP sobre impostos.''

"Minas diverge de SP sobre impostos."

Não se diverge com, diverge-se de. Dessa maneira, "Fulano divergiu de Sicrano'', e não "Fulano divergiu com Sicrano''.

17/02/2000
Se ele revir...

"Se ele rever (!) a posição..."

"Se eu revir / quando eu rever / quem revir minha posição...''

"Se ela revir a avaliação...''

No futuro do subjuntivo, a primeira e a terceira pessoa do singular são revir. A forma rever pertence ao infinitivo. Assim, estaria correta uma construção como: "É preciso rever o projeto".

16/02/2000
Algo é pago a alguém

"Não teve dinheiro para pagar os (!) trabalhadores.''

"Não teve dinheiro para pagar aos trabalhadores.''

O verbo pagar pede objeto direto de coisa (pagou o salário) e indireto de pessoa física ou jurídica (pagou ao professor). Assim, paga-se algo a alguém.

15/02/2000
Reaver, verbo defectivo

"Fulano reavê (!) o 3º lugar...''

"Fulano recupera o 3º lugar...''

O verbo reaver é defectivo, ou seja, não tem todos os tempos, modos ou pessoas (outros exemplos: abolir, precaver, relampejar). A forma "reavê'', bem como 'reavém' ou 'reá', que seria da terceira pessoa do singular do presente do indicativo, não existe. Em caso de dúvida, consulte as conjugações do "Aurélio'' eletrônico. Para isso basta escolher o verbo e clicar o quinto botão da esquerda para a direita na tela do programa, onde aparece escrito "Eu, Tu, Ele''. Reaver se conjuga como o verbo haver, mas somente nas formas em que este conserva a letra v: reouve, reavia, reouvera, reaverá, reaveria, reouvesse, reouver etc. As formas inexistentes devem ser supridas pelos sinônimos recuperar ou resgatar.

14/02/2000
Pára/ param

"As coincidências não páram (!) por aí."

"As coincidências não param por aí."

Pára, do verbo parar, leva acento para marcar a diferença em relação à preposição para. Mas param, no plural, não é acentuado.

11/02/2000
"Que" e "se"

"Os ataques chegaram a tal nível que tornou-se (!) impossível não reagir."

"Os ataques chegaram a tal nível que se tornou impossível não reagir."

A conjunção que sempre atrai o pronome oblíquo. Nesses casos, coloque o pronome antes do verbo: "Ele disse que se formou em direito há dois anos".

10/02/2000
Não use "evidência" no lugar de "prova"

"A CPI ainda não apresentou evidência (!) de sua principal acusação."

"A CPI ainda não apresentou prova de sua principal acusação."

O uso de evidência no lugar de prova, além de juridicamente incorreto, é má tradução do inglês "evidence". Evidência, em bom português, é a qualidade daquilo que não deixa dúvida. Prova é um meio de demonstrar que algo é verdadeiro. Isso se explica devido às traduções indevidas das legendas dos filmes policiais. 
Trata-se de um falso cognato, como a palavra portuguesa 'eventualmente' que significa de vez em quando, e a palavra inglesa 'eventually' que significa finalmente, e não eventualmente, que é occasionally.

09/02/2000
Rubrica

"As dívidas estão sob a rúbrica (!) 'contrato de mútuo'.''

"As dívidas estão sob a rubrica 'contrato de mútuo'.''

Rubrica é palavra paroxítona, com acento na penúltima sílaba. Não é proparoxítona, não sendo acentuada graficamente.

08/02/2000
Óculos

"É um óculos (!) para apreender a realidade brasileira.''

"São óculos para apreender a realidade brasileira.''

Eis um erro bastante comum na linguagem oral e, às vezes, na escrita. Óculos é plural; é incorreto escrever "esse óculos", "meu óculos" etc. Lente, no entanto, é singular, por isso se diz: essa lente, minha lente.

07/02/2000
Enquanto

"Fulano de Tal, enquanto (!) magistrado, não deveria opinar...''

"Fulano de Tal, como magistrado, não deveria opinar...''

A conjunção enquanto, em bom português, quer dizer "no tempo em que'', "durante o tempo que'', "quando'', ou seja, conjunção temporal ou proporcional. Na acepção empregada no contra-exemplo, enquanto foi usado erradamente com o significado de como, isto é, como conjunção conformativa.

"Enquanto que"

Enquanto quer dizer ainda "ao passo que'' em construções como: "Fulano se saiu bem no teste, enquanto Sicrano e Beltrano foram mal''. Nessa acepção, o uso da forma "enquanto que'' é vício de estilo. Em frases do tipo "Fulano se saiu bem, enquanto que (!) Sicrano foi mal'' , o que é desnecessário. Na Folha, considera-se erro o emprego de "enquanto que''.

 04/02/2000
Melhor, mais bem

"Novos tratamentos também deverão ser melhor (!) aproveitados.''

"Novos tratamentos também deverão ser mais bem aproveitados.''

Antes de particípios com função de adjetivo (como aproveitado), não se usam os advérbios melhor e pior em suas formas sintéticas, e sim as formas analíticas mais bem e mais mal: "Ele é o mais bem informado dos jornalistas", "esse prédio é o mais mal construído de todos".

03/02/2000
Regência verbal/ "lhe"

"Governador, eu lhe (!) admiro muito...''

"O pai lhe (!) presenteou com um computador...''

"Governador, eu o admiro muito."

"O pai presenteou-o com um computador."

O pronome lhe só é usado quando o verbo exige preposição: "Eu entreguei a ela a encomenda/Eu lhe entreguei a encomenda". Não há preposição depois de admirar e presentear, que são verbos transitivos diretos: admira-se uma pessoa, não "a" uma pessoa; presenteia-se alguém, não "a" alguém. Logo, o lhe não pode ser usado nesses casos; é como se disséssemos "eu lhe amo" em vez de "eu a amo", "eu o amo". Quando tiver dúvidas, consulte o dicionário de regência verbal de Celso Luft. Só se usa o lhe com verbo transitivo direto para indicar posse: Levaram-lhe a carteira.

02/02/2000
"Entourage" é palavra masculina

"O governador levava a "entourage" (!) num ônibus de luxo.''

"O governador levava o "entourage" num ônibus de luxo."

Quase todas as palavras francesas terminadas em "age" são masculinas (a principal exceção é "image", feminina). Desse modo, elas devem ser precedidas por artigo masculino: o "entourage", e não a "entourage"; o vernissage, e não a vernissage (observe que vernissage, na Folha, não leva aspas).

entourage - grupo social / vernissage - inauguração de uma exposição de arte

01/02/2000
Advérbio atrai pronome

"Frequentemente compram-se (!) imóveis...''

"Frequentemente se compram imóveis...''

"Frequentemente, compram-se imóveis...''

Advérbios (frequentemente, também, agora etc.) atraem o pronome. Mas repare que, se houver vírgula ou qualquer pausa entre o advérbio e o pronome, este ficará depois do verbo, pois não se inicia frase com o pronome oblíquo átono, exceto sob licença poética ou quando se pretende reproduzir a fala coloquial.

31/03/2000
Cuidado com o verbo extorquir

"Os policiais são acusados de extorquir (!) traficantes e sequestradores."

"Os policiais são acusados de ameaçar traficantes e sequestradores."

"Os policiais são acusados de extorquir dinheiro de traficantes e sequestradores."

Extorque-se, sempre, algo de alguém. Logo, uma pessoa não pode "ser extorquida", mas sim coagida, ameaçada, constrangida ou forçada. Atenção: esse verbo também é defectivo. Extorquir não é conjugado: 1) na primeira pessoa do singular (presente do indicativo); 2) no presente do subjuntivo, 'você, nós e vocês' do imperativo afirmativo e em todo o imperativo negativo; 3) nos demais tempos e modos, tem conjugação regular: extorquiu, extorquia, extorquira, extorquirá, extorquiria, extorquisse, extorquir, extorquindo, extorquido.

30/03/2000
"Trata-se de propostas"

"Como se tratam (!) de propostas que precisam ser aprovadas pelo Congresso..."

"Como se trata de propostas que precisam ser aprovadas pelo Congresso..."

Não confunda: o se, aqui, não funciona como indicador da voz passiva. No caso acima, o verbo tratar é transitivo indireto e não permite voz passiva, apenas voz ativa ou reflexiva: é impossível dizer que as propostas "são tratadas", mas é possível dizer que elas são discutidas. Logo, o correto é "trata-se de propostas", ou 'discutem-se propostas'.
29/03/2000
Não escreva "face a"

"O filme nos coloca face àquilo (!) que não desejamos."

"O filme nos coloca em face daquilo que não desejamos."

Não existe face a em português, portanto evite-a. O correto é em face de, que tanto pode significar 'diante de / na presença de' ou 'devido a / em razão de': "Em face do perigo, demonstrou sua habitual calma" (exemplo adaptado do "Aurélio").
28/03/2000
O "se" supérfluo "

"Não há razão para se temer a ditadura."

"Não há razão para temer a ditadura."

Considera-se erro o se antes de verbo no infinitivo (temer, comer, falar etc.). Trata-se de uma redundância, pois o infinitivo já dá a idéia de impessoalidade, dispensando, pois, o se. Só se usa esse pronome acompanhando verbo pronominal: Não há razão para se formar com a greve das universidades.

27/03/2000
Sujeito com "quem"

"Quem tem olho mais apurado, (!) vem morar aqui."

"Quem tem olho mais apurado vem morar aqui."

24/03/2000
Beirar

"Esse otimismo beira ao (!) exagero..."

"Esse otimismo beira o exagero..."

O verbo beirar _na acepção de margear, orlar_ é transitivo direto: "A sua dedicação à causa beirava a loucura''.

22/03/2000
Frustrar

"A mulher ficou frustada (!)..."

"A mulher ficou frustrada..."

O verbo é frustrar.

21/03/2000
Variar de X a Y

"A taxa varia entre 2% e 3% ao ano.''

"A taxa varia de 2% a 3% ao ano.''

A forma "variar entre'', embora coloquial e literária, não é registrada nos dicionários. Na norma culta da língua, uma coisa varia de X a Y.

20/03/2000
Palavras-chave, palavras-chaves

"Não conhecia as palavras (?) chave do dialeto.''

"Não conhecia as palavras-chave do dialeto.''

"Não conhecia as palavras-chaves do dialeto.''

Termos compostos com a palavra chave ligam-se por hífen: questão-chave, ponto-chave. Há dois plurais possíveis: questões-chave e questões-chaves; pontos-chave e pontos-chaves. A exceção é 'texto chave' (versículo bíblico).

17/03/2000
Prefixado

"A remuneração é pré-fixada (!).''

"A remuneração é prefixada.''

O prefixo pré costuma ser acompanhado de hífen, mas há exceções como prefixado, predeterminar, preestabelecido. Na dúvida, consulte o dicionário.

16/03/2000
Verbo que antecede porcentagem

"Foi concluída (!) apenas 20% da estrada.''

"Foram concluídos apenas 20% da estrada.''

Quando o verbo antecede o sujeito, a concordância tem de ser feita obrigatoriamente com 20% (plural masculino), pois o percentual está mais próximo do verbo do que a palavra estrada. Em caso de verbo posposto, a concordância é feita com estrada, que é o elemento mais próximo do verbo:

"Apenas 20% da estrada foi concluída.''

15/03/2000
Vale-tudo

"A disputa degringolou num vale (?) tudo.''

"A disputa degringolou num vale-tudo.''

O substantivo vale-tudo leva hífen: "Na votação, prevaleceu o vale-tudo''. Não confundir com casos como "Na guerra vale tudo'', em que vale é verbo.

14/03/2000
Ser, serem

"Os artigos a serem publicados foram escolhidos ontem.''

"Os artigos a ser publicados foram escolhidos ontem.''

As duas formas são corretas do ponto de vista gramatical, mas a segunda é melhor do ponto de vista estilístico.

13/03/2000
Porque, por que

"Com a dobradinha garantida, não havia porque (!) partir para cima.''

"Com a dobradinha garantida, não havia por que partir para cima.''

Por que se escreve separado toda vez que puder ser substituído por "razão, motivo ou causa" (ou "por qual razão, motivo ou causa"): "Não havia por que partir para cima (não havia razão para partir para cima)". "O ministro não sabe por que (por qual razão) as verbas não chegam aos destinatários".

Cuidado com o verbo reverter

"O presidente não conseguiu reverter (!) o quadro da economia brasileira.''

"O presidente não conseguiu modificar o quadro da economia brasileira."

Em bom português, o verbo reverter significa:

1) voltar ao ponto anterior: "Eles deram tantas voltas que reverteram ao ponto de partida".
2) voltar para a posse de alguém: "O imóvel reverteu para a viúva do fazendeiro".
3) resultar, produzir como efeito: "A propaganda reverteu em lucros para a empresa".

Reverter, portanto, não pode ser usado com o sentido de mudar ou alterar, nem como sinônimo de inverter.

09/03/2000
Dia-a-dia, dia a dia

"O preço do nosso petróleo não é o preço anunciado dia-a-dia (!).''

"O preço do nosso petróleo não é o preço anunciado dia a dia.''

Dia-a-dia só se escreve com hífen quando é substantivo, com o sentido de cotidiano ou rotina: "O dia-a-dia do burocrata é extremamente tedioso". Quando é locução adverbial e significa dia após dia (ou diariamente), não leva hífen: "O trânsito de São Paulo piora dia a dia".

08/03/2000
Tons prata, tons pastel

"Ele vestia uma roupa de plástico, em tons pratas (!).''

"Ele vestia uma roupa de plástico, em tons prata.''

Adjetivos que indicam cores são variáveis: camisas amarelas, sapatos verdes, calças azuis. Mas, quando a palavra "cor" está explícita ou implícita, não se faz flexão, pois nesse caso, há um substantivo empregado como adjetivo por derivação imprópria: sapatos cor-de-rosa, camisas (cor de) vinho, carros (cor de) limão, vestidos (cor de) prata, tons (cor de) pastel.

03/03/2000
Estado de Direito

"O bem maior que eles esperavam colher era o estado de direito (!).''

"O bem maior que eles esperavam colher era o Estado de Direito.''


02/03/2000
Cabo-verdiana, cabo-verdense

"Cesaria Évora, cantora cabo-verdense (!)...'

"Cesaria Évora, cantora cabo-verdiana...''

Quem nasce na República de Cabo Verde é cabo-verdiano. Cabo-verdense é referente à cidade de Cabo Verde (MG).

01/03/2000
Pôr, colocar

"Guardou dinheiro para por (!) na poupança.''

"Guardou dinheiro para pôr na poupança.''

Pôr, verbo sinônimo de colocar, leva acento. Por, sem acento, é preposição.

06/04/2000
Vício de boletim de ocorrência

"O depoimento da vítima nada esclareceu, pois a mesma disse ter perdido a memória.''

"O depoimento da vítima nada esclareceu, pois ela disse ter perdido a memória.''

É incorreto empregar o termo mesmo(a) quando puder ser substituído por ele(a). Mesmo é pronome demonstrativo, advérbio de afirmação, substantivo ou conjunção concessiva, nunca pronome pessoal. Como pronome, acompanha um substantivo, não o substitui.

04/04/2000
Responder a

"O governador se esquivou de responder (!) algumas perguntas."

"O governador se esquivou de responder a algumas perguntas."

Escreva "responder a alguém" ou "a alguma coisa", no sentido de dar resposta a. Ele só é transitivo direto no sentido de dar como resposta.
03/04/2000
Comemoração de

"A passeata em comemoração ao (!) Dia Internacional da Mulher..."

"A passeata em comemoração do Dia Internacional da Mulher..."

Comemoração é sempre de alguma coisa.

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